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O desmame é o término da amamentação. É importante que se perceba que o desmame é um processo e não um evento que não costuma ocorrer do dia para noite.

Vamos falar de desmame?

Deixar de amamentar é natural e aos poucos mamã e bebé vão-se preparando  para isso. Sob a liderança da mãe, algumas decisões e limites ao acesso à mama vão sendo gradativamente impostos à criança, até a suspensão completa da amamentação. Em geral, o desmame não deve ser forçado. Deve ocorrer de forma natural a partir dos 2 anos de idade.
Menor interesse nas mamadas, aceitação de alimentos variados, segurança na relação com a mãe, aceitação de outras formas de consolo que não a mama, conformar-se em não ser amamentada em determinados locais e ocasiões, dormir sem mamar, preferência por brincar ou fazer outra atividade com a mãe, em vez de mamar, são sinais indicadores de que a criança está pronta para o desmame.
Alguns cuidados devem ser tomados quando, por alguma razão há necessidade ou desejo de desmamar a criança antes que ela esteja pronta para isso. A mulher deve estar segura que quer mesmo ou precisa desmamar. Caso contrário, ela terá maior dificuldade em conduzir o processo. Deve-se evitar sempre o desmame repentino. É importante entender que este processo precisa de ser gradual, com tempo, paciência e compreensão. A criança vai precisar de suporte e atenção extras durante esta fase, sendo importante a mãe evitar afastar-se durante o processo, como viajar por exemplo.
Não se recomendam métodos que tenham como finalidade alterar o sabor do leite ou façam a criança rejeitar a mama, tais como colocar pimenta ou outro produto com sabor desagradável nos mamilos, nem mesmo fazer curativos na mama para fingir que está ferida.
A minha mãe ainda hoje conta a história que, para eu deixar de querer a mama, inventou que “o cão tinha feito cocó na maminha da mãe”. Não me perguntem de onde veio tamanho laivo criativo mas ao que parece eu estive uns bons meses a repetir, muito desconsolada, “que o cão era mau…”. Isso explica muita coisa e pronto, já tenho uma boa razão para justificar todos os meus traumas! 🙂
Brincadeira à parte: cabe apenas à mulher e à criança a decisão final de manter a amamentação até que ocorra o desmame naturalmente ou interrompê-la antes disso. Essa decisão deve ser apoiada e respeitada por todos.
E como foi o desmame da Francisca? Bom, aos 15 meses eu introduzi o leite de vaca na sua alimentação, tal como qualquer outro alimento complementar. Até então só tinha bebido leite materno. A mama continuou em livre demanda mas uns dois meses depois como me separei do pai dela tivemos que fazer alguns ajustes. Por isso, por aqui o processo não foi tão natural ou gradual como eu gostaria. Ainda assim, com as ausências e as noites passadas em casa do pai, ela foi pedindo cada vez menos a mama. Até que por volta dos 22 meses deixou mesmo de pedir. Por volta dos dois anos e tal, muitos meses depois, houve um dia que se lembrou de pedir e eu dei. Segundo ela ainda saía leite, embora eu tenha as minhas dúvidas. Foi um episódio único, talvez de algum saudosismo. Ainda hoje, com 4 anos e meio, gosta de meter a mão na maminha da mãe. Uma vez perguntei-lhe porquê e ela respondeu: ” mamã, as tuas maminhas parecem um vulcão!”.
Cada história é uma história e, mesmo a minha tendo terminado por volta dos 22 meses, se a vontade da mãe e do bebé for de prosseguir por mais alguns capítulos saibam que isso é natural, saudável e tem vantagens para ambos.
Vejo muitos profissionais de saúde a desencorajarem e a perguntarem: “então e ainda vai para a escola primária a mamar?”. Esses comentários estão repletos de ignorância e repúdio-os em absoluto.
O contrário também é válido, se a mamã ou bebé tiver vontade de parar antes dos dois anos, isso é um direito deles. Eu confesso que, até teria continuado a amamentação por mais algum tempo mas já tinha vontade de ter o meu corpo de volta. (não sei explicar bem a sensação).
No final, acredito que foi uma história bonita, de partilha de mãe e filha, de muito afecto e boa nutrição!

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8 Comments

  • Catarina diz:

    E o corpo da mãe, como reage?

    • Sandra Santos diz:

      Olá Catarina! Quando o desmame é lento e progressivo, o corpo da mãe reage muito bem. Também ele vai diminuindo progressivamente a produção de leite até cessar completamente e sem precisar de fazer nada para que isso aconteça. Beijinhos, Sandra

  • Lia diz:

    Tão bonito!
    Por aqui também terminou aos 22 meses, mas nessa fase já passava alguns dias, semanas, sem pedir…
    Hoje com 3 anos, também ainda gosta de por as mãos na maninha e volta e meia ainda quer provar, pois tem um mano mais novo que mama…

    • Sandra Santos diz:

      Olá Lia! Pois… é natural. Somos animaizinhos e há memórias que ainda permanecem, da mama, não só enquanto alimento mas também enquanto conforto e aconchego.
      Beijinhos

  • Ana diz:

    Eu ainda amamento a minha filha com 25 meses e ela não dá mostras de querer largar tão cedo.
    Se por um lado gostaria que ela desmamasse pois sinto alguma falta do meu corpo só para mim, por outro sinto que para ela é um conforto muito grande e gostamos muito daquele momento só nosso.
    Até ver é para continuar, sem stress ou timings forçados.

    • Sandra Santos diz:

      Olá Ana! Vocês é que mandam nesse processo. Mais ninguém! A amamentação continuada ainda é o melhor para o sua bebé, por isso enquanto fizer sentido, FORÇA! Beijinhos

  • Ng diz:

    Aqui foi bem diferente. Aos 4 meses a minha filha começou a rejeitar o peito. Mamava um pouco e reclamava cono se algo estivesse errado. Continuava a mamar e repetia. Só mamava melhor a dormitar. Claro que as dúvidas de ter ou nao leite surgiram. Depois de muita pesquisa, de consultar a linha de apoio a amamentação cheguei à conclusão que muito provavelmente o fluxo de leite teria estabilizado e estava menor e a pequena queria mesmo era sentir a boca cheia rapidamente. Levei nisto quase um mês com todas as técnicas possíveis para aumentar o fluxo ou para que a minha filha mamasse. A que parecia funcionar melhor era amamentar enquanto ela dormia. O cansaço era muito e o aumento de peso pouco. Foi aí que introduzimos a fórmula, com uma grande “birra” minha, pois chorei muito com a sensação de fracasso. Mantive a amamentação até aos 9 meses com as mesmas técnicas, o máximo que consegui. No nosso caso foi difícil foi para mim. Acho que é importante realmente saber muito sobre amamentação, e saber também de situações como a minha pois na altura teria-me ajudado. Ai pesquisas que eu fiz para tentar pesceber o que se passava.

    • Sandra Santos diz:

      Olá Nanci! Cada caso é um caso e o ótimo é sempre inimigo do bom. Se amamentou a sua filha até aos 9 meses já lhe proporcionou inúmeros benefícios nutricionais que são incomensuráveis. Um grande beijinho para as duas, Sandra

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