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No que toca à alimentação complementar, tanto nas minhas consultas como nas redes sociais, uma das perguntas que recebo é sobre como e quando oferecer marisco ao bebé. Por ser um dos alimentos mais associados a alergias, muitas vezes com reações graves, muitos papás e mamãs optam por atrasar a sua introdução com o objetivo de prevenir o aparecimento da alergia alimentar.

Embora essa fosse a recomendação no passado, a evidência científica atual demonstra que a introdução de praticamente todos os alimentos, incluindo aqueles com maior potencial alergénio, durante o primeiro ano de vida, pode prevenir o aparecimento de alergia.

E, se assim é, o marisco, no qual se incluem os moluscos, como o mexilhão e a amêijoa, e os crustáceos, como o caranguejo, o camarão e a lagosta não será exceção à regra, podendo ser oferecido ao bebé a partir do sexto mês.

Mas atenção que o “pode” não significa que tem obrigatoriamente que ir a correr fazê-lo.

Já que, se por um lado este grupo de alimentos é fonte de proteínas de alto valor biológico, ácidos gordos essenciais, vitamina B12 e Colina que contribuem para o desenvolvimento cerebral, Selénio que fortalece o sistema imunitário e a tiroide e Zinco, importante para o crescimento, por outro lado, alguns tipos de marisco possuem elevados níveis de metilmercúrio, que pode ser prejudicial para os bebés. Além disso, este grupo de alimentos apresenta, normalmente, elevados níveis de sódio.

Posto isto, quando oferecer marisco ao bebé?

Nas guidelines atuais, apenas é mencionado que todos os alergénios major, nos quais se inclui o marisco, devem ser introduzidos entre os 6 e os 12 meses, não havendo uma recomendação sobre o momento certo para a sua introdução nem sobre qual o tipo de marisco que devemos introduzir primeiro. Contudo, face ao exposto, durante este período o seu consumo deve ser feito com extrema moderação.

Em algumas bibliografias não é recomendada a introdução de caranguejo e de amêijoa até aos 12 meses, dado serem ricos em sódio e a sua textura poder provocar engasgamento. Além disso, a carne escura do caranguejo e a cabeça e o tórax da lagosta e de outros crustáceos semelhantes devem ser evitados, visto terem níveis mais elevados de mercúrio. Também as ostras, por serem normalmente consumidas cruas, não devem ser oferecidas ao bebé.

Tendo estes cuidados, quando quiser introduzir o marisco, tenha em conta as características da sua família e as necessidades nutricionais do seu bebé, oferecendo-lhe o tipo de marisco consumido com mais frequência pela família. Cá em casa comecei pelo camarão, que possui baixos níveis de mercúrio mas deixo à sua consideração qual a melhor opção para o seu bebé.

Como oferecer marisco ao bebé: fresco ou congelado?

O marisco congelado industrialmente será uma escolha mais segura do ponto de vista microbiológico. No entanto, o fresco não deixa de ser opção e, se o preferir, garanta que este se encontra sob gelo na peixaria e que apresenta um aspeto realmente fresco e uma tonalidade normal. O marisco deve ser oferecido muito bem cozinhado, descascado e, no caso do mexilhão e da ameijoa, nunca devem ser postos no prato aqueles cujas conchas não se abriram durante a cozedura.

Tal como com todos os alimentos com elevado potencial alergénio, das primeiras vezes que oferecer marisco ao seu bebé, faça-o em casa, num ambiente calmo e quando souber que o bebé vai estar acordado durante, pelo menos, 2 horas. Comece por oferecer uma pequena quantidade deste alimento, aumentando-a de forma gradual ao longo dos dias seguintes e garanta que nessas refeições o único alimento novo oferecido é o marisco. Para saber mais sobre como introduzir os alergénios, consulte o artigo: Alergia alimentar e a introdução de novos alimentos.

Depois de tanta informação, já sabe como introduzir o marisco e quais as melhores opções? Então, vamos a isso. Sem medos, mas com cautela, vai ver que vai correr bem e que o seu bebé vai ficar fascinado com o sabor tão característico deste grupo de alimentos!

Consulte outros artigos:

Como e quando introduzir o peixe

Como e quando introduzir o ovo

Bibliografia:

  1. Alergia Alimentar Kids. O marisco tem que ficar de fora do autocarro da alergia alimentar?
  2. Solid Starts. Food Allergens and Babies.
  3. Dietary Guidelines for Americans 2020-2025
  4. Complementary Feeding: A Position Paper by the European Society for Paediatric Gastroenterology, Hepatology, and Nutrition (ESPGHAN) Committee on Nutrition www.spgp.pt/media/1061/pdf29.pdf . Journal of Pediatric. Gastroenterology and Nutrition. 2017;64(1).

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