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Já ouviu falar em seletividade alimentar? O seu filho recusa e não quer comer? Você sente-se constantemente em stress de cada vez que a hora da refeição se aproxima?

A seletividade alimentar e a recusa em comer ou provar novos alimentos é comum mas não é normal e por essa razão, todos os dias recebo vários pedidos de ajuda de pais que precisam de apoio.

Saiba que alimentar bebés e crianças pode ser um processo difícil e moroso. Como tal,  não se sinta frustrado(a) ou falhado(a) como pai ou mãe só porque tem uma criança ou um bebé com seletividade alimentar ou na gíria mais esquisitinho.

Tudo vai mudar!

Leia atentamente as minhas 10 dicas para o seu filho comer bem:

  1. Inicie as refeições “sem pressão”

Se estiver cansado de todo o esforço que é necessário para que o seu filho mais novo dê uma dentada ou a sua filha, mais velha, coma finalmente os legumes, comece as refeições “sem pressão”.

Deixe-os decidir quanto ou se querem comer. Acredite ou não mas dar-lhes a escolha ajuda-os a aprender a gostar mais de comida ao longo do tempo!

Aqui estão alguns exemplos de como é exercer pressão na hora da refeição:

“Vá, dá só mais uma dentada”.

“Tens de comer, senão não vais brincar”.

“A mãe fica triste se não comeres”.

“Se comeres tudo, podes comer a sobremesa”.

O objetivo é criar um ambiente agradável e convidativo para que o seu filho possa aprender a gostar de novos alimentos. Por isso, evite este tipo de discurso.

  1. Experimente dizer: “Podes provar quando te sentires preparado”

Portanto, o seu filho não come: “Eu não como”. “Eu não quero”. ” Eu não gosto”.

E, o mais fácil é iniciar um braço de ferro e forçá-los a comer pelo menos uma certa quantidade. A consequência: pode torná-los ainda mais esquisitinhos.

Em vez disso, experimente dizer: “Podes provar quando te sentires preparado””.

Faça o seu filho sentar-se e ficar à mesa durante um período de tempo adequado à sua idade, e depois deixe-o sair. Por vezes, as crianças simplesmente não têm fome, e não faz mal. A cozinha voltará a abrir em breve (ver a dica três!), e uma refeição por si só não irá afetar a a variedade de comida que ele(a) come numa semana.

Basta fazer um favor a si próprio e ao seu filho. Certifique-se que coloca pelo menos um alimento que eles normalmente gostam no prato. Dessa forma, há sempre algo que pode comer.

  1. A cozinha não é um bar aberto

É fácil deixar o seu filho passar o dia todo a petiscar, mas criar uma rotina de refeições é essencial, especialmente para crianças que apresentam maior relutância em comer.

Se a criança passa o dia todo a petiscar é menos provável que sinta fome e, portanto, vai estar muito menos disposto a experimentar novos alimentos.

Deste modo, em vez da cozinha ser um bar aberto, permita apenas o seu acesso em determinados momentos. Depois, quando a hora do lanche ou da refeição principal tiver terminado restrinja o seu acesso.

As crianças precisam de três refeições e 1 a 3 lanches por dia, dependendo da criança e das circunstâncias familiares. Servir refeições e petiscos a cada 2 a 4 horas numa rotina infantil pode contribuir muito para melhorar a alimentação dos pequenotes mais picuinhas.

  1. Sentar-se para comer não é uma negociação

É tentador andar atrás de uma criança pequena pela casa com uma colher, se isso fizer com que ela coma pelo menos um bocadinho, ou deixar uma criança de 7 anos comer em frente à televisão ou tablet. Se é certo que estas abordagens podem, por vezes, funcionar a curto prazo, a longo prazo são um autêntico desastre.

Em vez disso, ter um lugar específico para a refeição, onde se possa sentar juntamente com os seus filhos, ajuda a evitar a asfixia, e também pode ajudar as crianças a abrandar e a ouvir o seu corpo, o que lhes permite comer melhor e evitar patologias futuras como a obesidade.

  1. São os adultos que definem o menu e não o contrário

A Francisca não é uma criança esquisitinha mas se eu lhe perguntar o que quer comer vai mencionar seguramente os seus pratos preferidos. Não é que ela não goste de peixe mas prefere “carninha” ou marisco. Como não tem noção da importância da variedade, se fosse ela a definir o menu, provavelmente o peixe ficaria de fora.

O que a minha experiência me diz é que muitos pais que têm dificuldade em alimentar os seus filhos, preocupados com o seu crescimento e boa nutrição, acabam sempre por lhes oferecer o que já sabem que eles vão comer.

Este é um grande erro! A sua missão é servir refeições e lanches completos, equilibrados e sobretudo variados. Depois é da competência dos seus filhos decidirem se os comem ou não.

Dessa forma, se o seu filho não quiser jantar, pelo menos fica com a consciência tranquila que lhe proporcionou boas escolhas.

  1. Quando se tira a diversão da refeição, a nutrição fica comprometida

As crianças adoram um pouco de diversão também durante as refeições. Promover várias atividades relacionadas com os alimentos pode ser uma ferramenta poderosa para os pais.

Podem ser coisas muito, muito simples. Tais como cortar uma sanduíche em triângulos em vez de quadrados ou experimentar cortadores divertidos, com forma de animais ou corações. Peça a colaboração do seu filho nestas pequenas tarefas.

Para muitas crianças este processo de tornar a comida mais divertida pode, na verdade, reduzir o receio que têm simplesmente em provar o alimento.

  1. Continue a oferecer

Por vezes sinto-me extremamente repetitiva, quer nas minhas consultas, quer nas redes sociais: “Expor, expor, expor!”, “Por vezes são necessárias de 11 a 15 tentativas para a criança aprender a gostar de um novo alimento.”

Muitas vezes os pais dizem-me: ” Mas se eu já sei que eles não vão comer porquê que devo continuar a dar”?”

Porque se nunca oferecermos aí é que nunca comerão e de certeza que já ouviram o ditado: água mole em pedra dura tanto bate até que fura.

Não é preciso desperdiçar comida, mas é preciso continuar a pô-la na mesa onde a criança a possa ver e se quiser comer.

  1. Ensine às crianças o papel/função dos alimentos no nosso corpo

Muitas vezes para que uma criança coma ou não determinado alimento, os adultos tendem a dizer que este é “bom” ou “mau” para elas.

Eu acredito que esta não é de todo a melhor abordagem. Dizer à criança que a comida é “boa ou má” não faz com que ela se predisponha mais ou menos a experimentar o alimento.  Muitas vezes, até pode torná-la mais picuinhas e esquisitinha.

Em alternativa, ensine à criança o papel que a alimentação desempenha no seu corpo. “As cenouras têm vitamina A que nos ajuda a ver no escuro. Por isso, sempre que jogares às escondidas isso representa uma clara vantagem e tens mais hipóteses de ganhar ou quando olhares na noite escura conseguirás ver mais estrelas”.

Factos como estes ajudam as crianças a ter uma boa relação com os alimentos, a cuidar do seu corpo e ainda alimentam a sua curiosidade e o seu desejo de aprender.

  1. Tornar a sobremesa menos atrativa

Quando usamos a sobremesa para subornar a criança para jantar, faz com que ela pense que a sobremesa é o melhor e a sopa ou o prato são o pior. Os biscoitos ou o gelado são magníficos. Já os brócolos são nojentos.

Privilegie a fruta como sobremesa e tente servi-la como a sequência natural do prato. Isto tornará a sobremesa igual à sopa ou prato.

Contudo, o principal a ter em consideração é que, independentemente da forma como a sobremesa é apresentada, tal não deve estar associado a uma recompensa, tal como, a criança ter ingerido uma certa quantidade da refeição ou provado um alimento específico.

  1. O seu filho à sua imagem e semelhança

Quando o seu filho o observa, ele aprende a comer o que você come! No outro dia em consulta, perguntei a uma mãe: “então e o quê que você costuma comer?”. Ela respondeu: “Eu? É raro comer.” Ao que retorqui: “Se o seu filho nunca a vê a comer, ele não tem um modelo que lhe permita ganhar interesse ou confiança para provar os alimentos.”

Deixe que o seu filho a/o veja a comer uma grande variedade de alimentos. Se há um alimento que você não gosta, experimente-o também em frente ao seu filho. Não faz mal deixar que eles saibam que também está a aprender a gostar desse alimento. Pode dizer: “Estou a aprender a gostar desta comida. Talvez experimente ou coma mais um bocadinho noutro dia”.

Pode brincar com a sua própria comida para os ajudar a envolverem-se com a deles!

E lembre-se: Coma com o seu filho sempre que possível!

A seletividade alimentar é um processo que exige tempo, muita dedicação e paciência mas é possível vencer!

Outros artigos sobre este assunto que gostará de ler :

♡ Comia tão bem e agora é isto

♡ Socorro, o meu filho não quer comer

♡ O que leva o seu bebé a comer

Sugerimos que procure atividades que possa fazer com o seu filho que promovam uma melhor relação com os alimentos, desde workshops de culinária, a Workshops de exploração sensorial, dependendo da idade da criança.

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