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Se o processo da alimentação complementar do seu bebé não está a correr exatamente como esperava então pare e leia este artigo:

Afinal o que leva o seu bebé a comer?

Quando nós nos sentamos à mesa é primordialmente porque temos fome. Porque temos enraizados um conjunto de saberes, hábitos e rotinas que nos levam a que num determinado horário tenhamos definido que fosse o momento da refeição.

Existem ainda outras ocasiões de carácter social ou até emocional que nos levam a levar a comida à boca.

Contudo, lamento informar-lhe que o seu bebé, aos seis meses é uma tábua rasa. Ele não possui todo esse conjunto de informações. Ele não sabe que tem que comer às 11h30h ou noutra hora por si definida. E, muito menos, ele se programou para ter fome na hora a que você estipulou que seria a hora da refeição.

Ele não faz ideia que, o que você preparou com tanto carinho, tem a função de o nutrir e tampouco percebe toda a sua frustração e stress em torno da situação.

No outro dia, uma paciente em desespero contava-me que a filha leva tudo à boca menos a comida. Eu perguntei-lhe: “O quê que você faz para que ela sinta curiosidade de levar a comida à boca? “

Ela fez uma pausa e respondeu: “Eu simplesmente ofereço-lhe a comida à colher.”

O motivo que leva seu filho a levar um pedaço de comida à boca é o mesmo que o leva a morder um brinquedo, comer areia ou lamber o seu telemóvel: a curiosidade!

Na verdade, não é só a curiosidade. São outros dois elementos que se juntam a ela. O primeiro é a fase oral, representada pelo período em que o bebé, naturalmente, leva tudo à boca. Nesta fase, que ocorre por volta dos três ou quatro meses e que pode estender-se até os 18 meses, a boca serve para identificar o gosto e a textura dos objetos.

A amamentação proporciona-lhe uma sensação tão prazerosa que o bebé procura outras formas de conseguir prazer, levando desde objetos, como as mãos e dedos à boca.

O segundo é a capacidade de segurar objetos com suas próprias mãos, através do movimento de pinça e levá-los até à boca. Esta capacidade só ocorre por volta dos 6 meses e é com efeito um dos sinais de que o bebé está efetivamente preparado para iniciar a alimentação complementar.

Com esses dois elementos, ele pode satisfazer toda sua curiosidade e necessidade de exploração.

Na verdade, para um bebé, situações muito simples podem ser uma novidade surpreendente.

Posto isso, aqui ficam as minhas dicas:

  • Quando o alimento é visto como um brinquedo pelo bebé a probabilidade dele se sentir tentado a explorar o alimento é muito maior.
  • O objetivo principal deverá ser a exploração e não a nutrição: comer ou rapar o prato.
  • O bebé deverá ir para mesa quando estiver de bom humor, sem sono e, inclusive, sem muita fome. Quando o bebé está com muita fome a tendência será querer o alimento que já conhece: o leite.
  • Ofereça variedade ao longo das diferentes refeições: diferentes grupos de alimentos, diferentes cores, sabores, texturas, temperaturas, etc.
  • Privilegie a variedade e não a quantidade de cada alimento. Tal tende a auxiliar que o bebé dedique mais tempo a um único alimento. Grandes quantidades tendem a resultar em desperdício.
  • Perceba os formatos dos brinquedos e outros objetos que o seu filho é capaz de pegar. Disponibilize os alimentos em tamanho e formas semelhantes a esses brinquedos.
  • Numa brincadeira qualquer, o adulto não direciona e muito menos força o bebé a colocar os brinquedos na boca. O mesmo deve servir para os alimentos.
  • O seu bebé é curioso mas também gosta de imitar. Sendo assim, ajude o seu bebé a explorar o alimento. Pode colocar o alimento na boca e depois fazer a magia de o fazer desaparecer. Pode fazer sons de satisfação ou até cantar. Usar os alimentos como se fossem fantoches ou pequenas personagens de um teatrinho também é válido ou qualquer outra estratégia que divirta o seu bebé e estimule a sua curiosidade.
  • Permita ao seu bebé abanar o alimento e ver se faz barulho ou testar a sua força espremendo um alimento nas suas mãos. Pode ainda usar brinquedos que imitam alimentos e fazer um jogo entre alimentos reais e brinquedos de imitação.
  • Ao primeiro sinal de cansaço ou irritação, é o momento de sair da mesa. Insistir só irá agravar a situação.

Verá que muito aos poucos o seu bebé começará a perceber que os alimentos para além de divertidos ainda poderão matar-lhe a fome!

Nota: Nunca deixe o seu bebé explorar os alimentos sem a sua supervisão, devido ao risco de engasgamento.

 

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