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O seu bebé chegou, mas o peso ficou? Não se preocupe, é normal e não deve ser motivo de angústia. Durante nove meses, o seu corpo esteve em constante adaptação para responder tanto às suas necessidades, como às de um bebé em formação. Um dos resultados é, claro, o aumento do peso. Felizmente, estes quilos extras tendem a “desaparecer” naturalmente; é apenas necessária a adoção de uma alimentação saudável e a prática regular de exercício físico. Contudo, se ao fim de 12 meses não tiver recuperado o seu peso anterior à gravidez e se já não estiver a amamentar [fator que ajuda a eliminar o peso extra], é provável que precise de fazer alguns ajustes à sua alimentação e/ou aumentar a atividade física.

Em média, quantos quilos tendem as mulheres a ganhar durante a gravidez?

O peso ganho é muito variável e, à partida, dependerá do peso com que a mulher inicia a gravidez. Por exemplo, uma mulher com baixo peso poderá ter um ganho de peso total entre 12,5 e 18 quilos, ao passo que uma mulher obesa não deverá ultrapassar o intervalo entre os cinco e nove quilos.

Quais os efeitos negativos de ultrapassar esse ganho de peso recomendável?

Quando a mulher engorda mais do que o limite considerado saudável, aumenta a probabilidade de retenção de peso um ano após a gravidez, o que pode predizer uma retenção de peso 15 anos mais tarde. Dependendo desse excesso de peso, haverá maior ou menor risco de obesidade e doenças associadas. Além disso, o aumento do peso entre gestações aumenta o risco de diabetes gestacional, diabetes tipo 2, pré-eclâmpsia e cesariana.

E quais os riscos para o bebé?

O ganho de peso gestacional excessivo não está associado apenas a desfechos adversos da gestação e retenção de peso no pós-parto, mas também com o maior risco de obesidade para o bebé. Hoje sabemos que um maior ganho de peso gestacional está também associado a índices de massa corporal mais elevados, aumento da gordura corporal e pressão arterial sistólica elevada para a criança entre os 3 e os 16 anos de idade.

Após o parto, quando devem as mulheres preocupar-se em voltar ao peso que tinham antes de engravidar?

Existem diversas variáveis a ter em consideração, isto é, se a mulher está só a dar biberão/fórmula, poderá começar a pensar em fazer uma dieta a partir da consulta do pós-parto, que acontece por volta das seis semanas. Já uma mulher a amamentar apenas deverá seguir uma alimentação saudável e equilibrada e, naturalmente, irá perder peso de forma gradual. Em ambas as situações, deverão dar tempo a si próprias, pois o regresso ao tão desejado peso pré-conceção poderá demorar vários meses e, embora a mulher queira recuperar o corpo que tinha antes da gravidez, tal não deve ser uma preocupação. A chegada de um bebé pode ser física e emocionalmente extenuante e apressar ou querer abraçar uma dieta rigorosa pode ser tão stressante como pouco sensato. Em caso de dúvida, consulte um nutricionista.

E quais as consequências de o fazer demasiado cedo?

Na maioria dos casos, uma dieta e consequente perda de peso num curto período de tempo não afetará a produção e composição do leite materno, exceto no caso de dietas altamente restritivas e prolongadas. Nestas situações, além de a produção de leite diminuir, existe o risco de, com a perda de massa gorda da mãe, determinados contaminantes e toxinas lipossolúveis entrarem em circulação e passarem para o leite materno, com potenciais consequências para o bebé. Já para a mãe os efeitos negativos poderão ser diversos, nomeadamente, ao nível da perda de massa muscular e de massa óssea e prejuízos associados ao défice de macro e micronutrientes com compromisso de diversos processos metabólicos e fisiológicos, resultando em várias doenças.

Durante a amamentação, há um número mínimo de calorias a ingerir por dia?

As mulheres precisam, em média, de 2000 calorias por dia para manter um peso saudável (valor que pode variar consoante fatores como a idade, a altura, a atividade física, entre outros). Para perder peso de forma gradual – aproximadamente meio quilo por semana –, é preciso reduzir a sua ingestão e aporte calórico em cerca de 300 a 500 calorias, dispêndio que será favorecido pela amamentação – para a produção do leite é necessário um aporte calórico extra de 500 calorias por dia –, motivo pelo qual não prescrevo uma dieta no pós-parto com valor calórico inferior a 2000 calorias para mulheres que estejam a amamentar. Deste modo, amamentar é uma excelente forma de perder o peso a mais, especialmente quando conjugada com uma alimentação saudável e com a prática regular de exercício físico.

O oposto também acontece, ou seja, perder muito peso no pós-parto e relativamente rápido?

Sim, por vezes acontece. Eu sou um desses casos: no pós-parto perdi mais peso do que ganhei na gravidez. Para algumas mulheres, o desgaste com a amamentação, o cansaço físico, muitas noites mal dormidas e a falta de apoio são factores que levam a que se possa perder muito peso nesta fase.  Com a perda de peso, por norma há também uma perda significativa de massa muscular, aumentando a flacidez. São várias as mães que me procuram por este motivo e neste caso, sei bem, por experiência própria, de quê que a casa gasta e pode ser tão ou mais stressante do que não conseguir perder os quilinhos a mais.

Em qualquer um dos casos, é bom que as pessoas não façam generalizações, nem comparações.
Inevitavelmente, depois de uma gravidez surgem algumas mudanças no corpo da mulher, que deve estar preparada para essa eventualidade. Com calma, tudo pode voltar praticamente ao normal… Se bem que ainda estou à espera que as maminhas voltem ao sítio e não está fácil… Vale-me o facto de ser uma pessoa muiiiiiiiiito optimista! 😉

(parte deste texto foi publicado na revista PREVENIR de Maio de 2018)

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3 Comments

  • Vanda Alves diz:

    Olá Sandra!
    Adoro o seu blog e as receitas são maravilhosas, a minha Yasmin adora e eu também!! A pequena tem 21 meses e a verdade é consegui ir ao sitio em pouco tempo, mas vejo que o corpo mudou..e para ser sincera ainda não o aceitei totalmente, tem sido um processo!Ainda amamento, embora que seja só á noite pelo miminho, queria começar a beber drenantes, porque faço muita retençao, acha que faço bem ou mal?..tenho receio que faça mal á bebé! Muito obrigada e desejo muito sucesso : ) beijinhos

  • A. diz:

    Da primeira gravidez em fevereiro 2017 aumentei de peso 26kg (60kg iniciais).Muito líquido amoníaco e retenção de líquidos. Perdi ao fim de pouco tempo porque amamentei até aos 12 meses.
    Em novembro de 2017 descobri que estava novamente grávida (67 kg iniciais) mas continuei a aumentar até ela não querer mais.
    Entretanto em maio perdi a minha segunda filhota com 28 semanas.
    O mais lixado nisto tudo é passado um mês e ainda ter leite após ter tomado duas vezes mediação para secar e estar presa a um corpo de grávida e não sair dos 70 kg.
    Será um tema interessante a ser abordado… o que devemos fazer com o nosso corpo nestas situações porque os PT’s dizem uma coisa e os médicos outra…

    • Sandra Santos diz:

      Olá! Penso que nessa situação o ideal seria ser acompanhada por um nutricionista e não por um Personal Trainer, que não possui qualquer qualificação para emitir nenhum juízo nessa matéria. E os médicos têm o conhecimento técnico da sua especialidade mas tal não compreende a Nutrição. Beijinhos, Sandra

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